O belo país dos sons

Você gostaria de ouvir o que dizem o suave murmúrio da água, o rumor das selvas e os bramidos do vento? Pois tudo isso as fadas do piano lhe irão ensinando. Quem não ouve com atenção lições tão interessantes?

Quando um pintor trabalha em um quadro, não usa um só pincel, mas sim, vários, grandes e grossos para pintar o fundo, e outros mais finos e delicados para os diversos pormenores da composição do quadro que executa.

Assim é também o nosso reino mágico, o piano; se soubermos encontrar a arte de mover adequadamente os dedos em todas as direções seremos como o artista que encontrou os pincéis próprios para cada caso, e os que nos escutam ficarão extasiados ante a beleza dos cantos que aprendemos com as fadas.

Os exercícios que lhe parecem fáceis, praticados com atenção e persistência, muito o adiantarão nesse caminho semeado das mais formosas flores.

Se alguma vez você se cansar, lembre-se que belas histórias o esperam.

Há uma coisa que parece muito fácil e é a mais difícil; tocar uma simples melodia. O piano deve realmente cantar. Enquanto dure o interessante trabalho que o espera, que essa idéia domine todas as outras; o piano deve cantar.

Devemos ouvir com atenção cada uma das notas, para termos a certeza de que tratamos igualmente todas as fadas; isto é, com graça e delicadeza.

O reino da música é, como sabes, um reino maravilhoso, mas para entrar nele precisamos das chaves e essas chaves adquirem-se com trabalho e constância.

Temos que pensar na maneira de colocar os dedos, as mãos e os braços; mas isso não é mais do que o meio para conseguir o fim.

Somos como viajantes que chegam a um país desconhecido, onde há um tesouro escondido entre um montão de pedras. Temos que as ir tirando, é verdade; mas sem nunca esquecer que se principiamos esse trabalho, é para encontrar o tesouro e usufruirmos dele. Certas pessoas pensam nas pedras, que são os exercícios mecânicos. Pensemos nós no imenso tesouro que nos espera.